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Afuá, na Ilha do Marajó, aguarda distribuição de cestas básicas

Navio da Marinha chegou domingo à cidade de 20 mil habitantes

Publicado em: 15/06/2020

Afuá, na Ilha do Marajó, aguarda distribuição de cestas básicas

Navio chega a ribeirinhos

Nesta segunda-feira, a ministra da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos, Damares Alves, visitará as cidades de Afuá e Muaná, ambas na Ilha do Marajó, no Pará, participando diretamente da entrega de cestas básicas às comunidades ribeirinha 

Um dia antes, a cidadezinha de Afuá, com 40 mil habitantes, já estava em polvorosa com a chegada do Navio Auxiliar Pará, com 200 militares a bordo. Foi ele que trouxe no seu porão as 16 mil cestas básicas - fruto de uma parceria do governo federal com a rede Carrefour e a Associação Paulista de Atacadistas e Supermercadistas (Apas). A longa viagem da Base Naval de Belém até o atracadouro de Afuá (distantes 256 quilômetros) durou dois dias, navegando por vários furos e estreitos da bacia amazônica. 

No trapiche, o movimento foi intenso. Militares passavam de mão em mão as cestas, que logo eram desinfectadas, colocadas em carroças e levadas para o ginásio do município. A ação, batizada de Pão da Vida é emergencial em tempos de pandemia.

Falta de saneamento

“Ouvi no rádio, os que têm o Cadastro Unico vão receber a cesta básica, vão de casa em casa. A minha filha, tomara que ela receba, porque ela necessita, tem uma bebezinha e está desempregada” - disse a aposentada Doralice Reis, que nasceu em Afuá.

A cidade natal de dona Doralice tem 8 mil pessoas inscritas no programa Bolsa Família e um agravante: não há saneamento básico em Afuá.

“Aqui no centrinho é tudo bonito, tem várias obras. Mas vá até o bairro Capim Marinho. Lá as pessoas têm que pegar água no igarapé e jogar para as caixas d´água. O problema é que o igarapé também serve de banheiro. Não temos fossa”, denunciou Luís Henrique Paiva, um dos muitos jovens desempregados de Afuá. 

E não há perspectivas de emprego a curto prazo. Por causa da pandemia de covid-19, o município está isolado. Os navios que fazem a travessia até Macapá (capital do Amapá), em um percurso que costuma demorar 3 horas e meia, não podem mais levar passageiros, apenas carga. Isso atrapalhou o fluxo, impossibilitando parte da economia da chamada “Veneza Marajoara”. 

“Aqui só tem três barcos disponíveis para fazer transporte de mercadoria. Nós ficamos sem fluxo agora. Não posso nem ir para o interior, tem vigias no porto” - reclamou o comerciante Fernando Espíndola que, por lei municipal, só pode manter a sua distribuidora de bebidas aberta das 8h às 14 h.
  
Coincidentemente, o maior barco de passageiros – o Virgem da Conceição -, com capacidade para transportar 300 pessoas confortavelmente em três andares (a passagem até Macapá custa R$ 50), está atracado há vários meses em frente a casa do prefeito de Afuá, sem poder navegar. 

Baixo IDH

A ilha do Marajó tem vários municípios em situação de pobreza, por isso o programa Abrace o Marajó foi criado pelo Ministério da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos e esta ação específica, chamada Pão da Vida, focaram na grande ilha paraense. 

Melgaço (26 mil habitantes) tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as mais de 5.600 cidades do Brasil; um título que ninguém gostaria de ostentar. Chaves (23 mil moradores) está em sexto lugar e Bagre (30 mil pessoas) é a oitava pior cidade neste ranking.

Afuá ainda está em condições melhores que as vizinhas. Talvez por isso, o “batedor de açaí”, Elvis Vasconcelos não tenha dúvidas em afirmar: “Um dos melhores lugares para se viver é Afuá, tranquilo, é um paraíso. Se a maioria das cidades fosse assim, a gente ia viver bem mais”, disse, otimista.

 *O repórter viajou a convite do Ministério da Defesa 

Edição: Fábio Massalli

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